sexta-feira, 15 de abril de 2016

QUE 25 DE ABRIL 74?






Hoje, no lançamento do livro sobre a descolonização da Guiné do meu camarada Jorge Sales Golias, foi posta a questão- que 25 de Abril em 74?

Qual foi o meu? Que destino? Que 25 de Abril realmente existiu? O que foi e é para muitos e para os que fizeram aquele 25 de Abril 74?

Logo, pelas 22h 55  da noite de 24 de Abril 74, parece que outros e eu fomos tomar a Escola Prática de Artilharia e viemos às 3h em ponto para o Pragal, alinhavamos do lado do Salgueiro Maia, contra a Fragata Gago Coutinho, depois nossa aliada pela acção do meu camarada Caldeira Santos e outros, porém isto e tudo o mais que fizemos não existiu, parece ficção.

Mas o que existiu ?

O conceito que uns que estavam a dormir ou outros desgraçada, cruel e miseravelmente presos tinham no seu corpo e na sua alma e depois começaram, por aí, a fazerem discursos e a venderem papel sobre o 25 de Abril real, o deles. O outro onde andei foi atirado para o cesto do lixo, mas os senhores do regime anterior e seus continuadores deram-nos cabe das vidas, pois para eles foi o 25 de Abril dos militares que derrubou ditadura, mas quem terá razão?

Para além de me lembrar que vim por aí abaixo, vi muito povo, que depois acompanhei noutra ficção para mim a da Reforma Agrária: uns dizem que a houve, mas foi outra onde não estive, mas também, aqui, o povo alentejano diz que estive, e os latifundiários na pessoa de Vacas de Carvalho também o testemunham e no livro que escreveu chama-me a Alma Negra da Reforma Agrária.

Como diz Golias de alguns daqueles gloriosos militares de 25 a 35 anos de idade, então, nada se sabe, uns poucos são muito badalados, outros resistem e dizem: estive lá. Mas isto seria assim se os tais capitães tivessem feito o 25 de Abril 74 do cravo na espingarda?

Parece que os que fizeram o 25 de Abril 74 de facto não fizeram, porque são apontados pelos inimigos dos portugueses e dos africanos como traidores à Pátria e pelos outros de cravo na lapela e Abril na boca são esquecidos e tratados como um mero apêndice da coisa.


Enfim para muitos de nós o 25 de ABRIL 74 só nos trouxe a vantagem de não cairmos numa guerra colonial sem sentido, e, ainda, no meu caso a amizade de alguns camaradas que estavam no lançamento do livro do Golias, ( Tomé, Duran Clemente, Faria Paulino, Begonha, Rosado etc) de outros como o Fabião (e a sua família, o seu filho esteve no lançamento deste livro, de que se fala do heroísmo de Carlos Fabião) Vasco Gonçalves, Queiroz de Azevedo, Cor Baptista do COPCON, Corvacho, Borrega e outros felizmente, ainda vivos, de pessoas do povo,( ti Pedro, e muita gente do Alentejo) algumas e alguns verdadeiros lutadores da Liberdade de que destaco as mulheres de Abril de Vendas Novas a Adelaide e a Amélia, mulheres dos Militares de Abril Capitão Ferreira de Sousa e Alferes Correia, e, ainda, a Maria Maurício, Maria José Gama, Sandra Queiroz, Graça Machado, Suzel Patrão, Clotilde, Ruth Moreira, entre outras, verdadeiras heroínas no dia a dia, e claro o meu filho, a sua mãe, a família dela, e outros amigos, como as e os militares e civis que comandei na guerra Companhias de Lumbala Velha, Cavungo, Mucaba e do Centro de Psicologia Aplicada do Exército, os que estiveram comigo nas vésperas do 25 de Abril até ao 25 Novembro 75,não esquecendo os presos na Trafaria, por causa do saneamento de Jaime Neves e que sentem um grande orgulho e amizade por ter sido um militar de abril, e não posso deixar de referir essa amizade maior dos que estão na Diáspora, estando longe, estão perto, o meu camarada Serafim Pinheiro e a poeta Marília e, finalmente, todos os com quem por tertúlias, por aqui e além me encontro nos caminhos de Abril - Esta é a minha herança de Abril, no que incluo a estreita liberdade de poder usar a internet para ter alguma voz, fora dela a tumba nos deram os poderosos, esta herança será pouca, será muita , a justa? Mas é enorme, grandiosa intrinsecamente.

Coisas...

Hoje, no lançamento do livro sobre a descolonização da Guiné do meu camarada Jorge Sales Golias foi posta esta questão que 25 de Abril em 74 ,quanto aos que o fizeram com o povo, o que tenho como o Glorioso 25 de Abril 74, o vero, que tem antecedentes, muitos, e depois, consequentes infinitos e que ferido, vilipendiado, raptado, prisioneiro resiste, mas... VENCERÁ?....


Coisas insondáveis, mas sempre de pé!


Abraços aos que não desistem

Andrade da silva

25 Abril será amanhã, mas tem um  passado.


Carlos Fabião, Coronel Sousa Teles

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