sexta-feira, 31 de outubro de 2014

HOMENAGEM A CARAVELA E CASQUINHA E AO POVO ALENTEJANO.

                       Casquinha ,17 anos jaz morto e, ainda,quente, sobre solo alentejano:  quem te matou,e porquê?

Amanhá, dia 1 Novembro 2014,  no Escoural, entre as 14 e as 16,junto ao memorial.

Com todos eles partilhei muitos e variados momentos, lado a lado,segundo a segundo, hora a hora, mas mataram o Sol, e povo: quem, porquê?

Do Prefácio da obra Pátria Transtagana, obra poética de José Augusto Carvalho, prefácio da minha autoria

"Eia! Morreram Caravela e Casquinha no Escoural, em 1979, lutando pelo Sol de Abril,  mas, quando jaziam, já era Outono, embora Casquinha vivesse a sua adolescente primavera-17 anos de vida, tão cedo matada. Dor, luto, mas o futuro é adiante.Porém, aconteça o que acontecer, o amor está presente.  E o passado que dói vive, porque ofuturo não acontece e no presente ainda há o nó na garganta, onde, o “tudo”residia “nas garras do nada”. Abril veio, mas o Outono também. 

Mas afinal quem é o Zé povo? Quem somos quase todos nós? Somos quem vem dos milénios lutando, mas perdendo mais que vencendo. Diz opoeta  morremos “em todas as batalhas / só p'ra mudar de tiranos!” Até um dia... quando?

 E depois aquele Abril aldrabado, o alvorecer e as estrelas que escondem o mistério que um dia o Toino, filho de uma mãe alentejana, há-de saber, garante-lhe a mãe. Mas mistério maior, é mesmo, ser o Zé Povão, que vem do longe e vai para o muito longe com jornadas de si, em jornadas de si.

 Mas também das muitas outras jornadas dos outros se compõe a vida dos pobres que por pouco caminham, por pão e por vida digna, tudo acontecendo ou não, em dias que passam, mas são iguais, como a lembrança cativa de sofreres recorda, e tudo,porque alguém "roubou o horizonte da manhã amanhecer", libela, o poeta

José-Augusto de Carvalho recorda que o seu povo do Alentejo nunca esquece Maio, Catarina e a mensagem - que é de pé que vislumbramos o futuro -e, assim, para sempre, há- de ser. 

Há luta e lutas,mas a terra é sagrada e a mulher e o homem são mulheres e homens, e, nesta sua condição humana, também gostam dos prazeres simples, da sopa e de outros. Nem tudo são lutas, muitas coisas são simples viveres. Eis a mulher e o homem,alentejanos e portugueses, cósmicos, verdadeiros que também, de um modo raiado de luminosidade, nos são apresentados, praticando os actos mais fugazes da vida, embora, fundadores e matriciais da nossa espécie  na assombrosa encenação da vida, ou no pleno acontecer dela própria? Quem o saberá?

Neste poema épico se há sombra, se há lua sombria, sol escondido,mentira que rouba a tranquilidade e, por vezes, a esperança, no fundo deste povo e desta gente alentejana, o alvorecer, mesmo em dia escuro, alvorecerá. E a vida vence: vence num maltês que o guarda fiscal não apanha."

E desta fibra de Futuro são todos os que  não se rendem e dirão sempre presente: 

PRESENTE CASQUINHA,tão jovem, aos 17 anos ceifado:um CRIME MILENAR  e ninguém foi responsabilizado, pedi nos 30 anos de Abril que a  Nação rogasse  perdão e desculpas  e nada aconteceu.

PRESENTE: CARAVELA!

PRESENTES TODOS PARA TODO O SEMPRE!

andrade da silva

2 comentários:

José-Augusto de Carvalho disse...

Querido Amigo, foi aqui tão perto do município de Viana e do Monte Sobral, onde Abril terá começado, que mais esta tragédia enlutou o Povo Transtagano. À época, mourejava eu distante do pátrio berço, mas lá soube da desgraça e lá me indignei. Mortos e mortos pela tirania. E mortos por que motivo? Apenas porque lutaram pelo pão na mesa, por um pão suado, por isso honrado. Afinal, persiste «esta apagada e vil tristeza» de que nos falava Camões.
Ah, como dói e tanto esta condenação!
Até sempre!
Abraço fraterno.

andrade da silva disse...

Não os esqueceremos foram mortos,como previ em 1976,quando me deportaram para a Madeira por causa da Reforma Agrária, e escrevi no meu diário que a repressão iria cair sobre o povo Alentejano,depois da conversa que tive, em Março 1976 com o general CEME, general Eanes,PR em 1979 na altura destes assassínios impunes,nem os pais sabem os nomes de quem matou o filho.

aquele abraço
asilva