quinta-feira, 21 de março de 2013

ORGULHO E HONRA

                                           (ÉVORA  1975)



Sinto um imenso orgulho, por ter sido sempre quem fui, e sou, e por ter comandado centenas de portugueses, como militares de uma nobreza ímpar.

 Vem isto a propósito da manifestação de desagravo junto da residência do 1ª Ministro, realizada em 20 de Março de 2013, onde, encontrei muitos e grandes militares, logo, cidadãos portugueses, e, de entre todos, destaco o sargento chefe para quedista Valente.

Nos idos de 1987, sendo eu major, na Direcção de Transportes, fui nomeado, por um grande General do Exército Português, o Major General Calisto, para proceder a um auto de averiguações contra o meu camarada Valente, com a acusação da prestação de falsas declarações e na cumplicidade  num acto de desobediência colectiva  de uma equipa de instruendos para -quedista,  em relação à recusa da realização de  uma prova colectiva: "O vale escuro". Por grave infelicidade na realização destas provas o seu único filho morreu.

O sargento Chefe Valente, um grande Militar, lutou contra a Instituição Militar acusando-a de negligência, pelo que teve processos a decorrem em tribunal, onde, não conseguiram condená -lo por difamação  e, então, transportaram o assunto para a parte disciplinar.  Coube-me  fazer estas averiguações. Em 2008, o  sarg.-Chefe Valente  disse-me que segundo o general fora o escolhido, para que se chegasse à conclusão certa de um  modo justo, o que,  de facto muito me honra, e confirma o que sempre entendi como sendo a grandeza militar, cultural e humana daquele general.

Hoje voltei a encontrar o Valente e, uma vez mais abordamos, este assunto, desta feita na presença do meu camarada e amigo António Mota  também um cidadão militar sensível. Estas experiências de partilha são fundamentais,  como processo de aprendizagem  mútua, e de confirmação de quem é quem.

Guardo sobre a minha mesa de trabalho, RELIGIOSAMENTE, O RELATÓRIO deste auto, onde,  exaltei a grande personalidade militar – altamente condecorado com medalha de mérito militar  e outras e muitos louvores deste camarada, bem como:  a sua dor como pai,  a sua nobreza como cidadão militar e desfiz toda a acusação em termos técnico-disciplinares, mas sobretudo humanos e ao nível  da camaradagem militar.

 Hoje uma vez mais lhe disse que lhe queria dar cópia deste relatório,  nisto  tenho falhado, até porque não tenho material para  digitalizar... coisas...

Em 2008 depois de o ter encontrado, acrescentei uma nota ao relatório sobre o orgulho e a honra que tenho por ter tido este desempenho que também está recortado por centenas de avaliações feitas à cerca do meu comando desde 1973, como uma das  fotos documenta.

Avaliações feiras  por oficiais  sargentos e praças; umas anónimas  outras assinadas, mas sobretudo nas assinadas sinto a maior honra por todos se sentirem à vontade para dizerem o que consideravam positivo, e negativo com todas as letras, nomeadamente que sendo comandante de companhia de transportes, com o posto de capitão, não percebia, nem percebo,  nada de transportes  nem de automóveis, (de que nem carta tenho),pelo que, deleguei  as funções  técnicas em que sabia, e a quem muito ouvia.

Orgulho-me e   sinto-me  honrado  por  poder olhar olhos nos olhos todos os que comandei,ou  me comandaram, porque para com todos, como quase todos testemunham, fui leal, trabalhador,  mas também, por vezes, injusto e intempestivo, porém quase todos reconhecem que isso foi a excepção , e que logo procurava corrigir-me.

 Tenho por exemplo uma carta de desagravo de uma tenente, uma oficiala extraordinária que muito se ofendeu por numa reunião a ter mandado abruptamente calar, dizendo-lhe  que o assunto não era da sua competência, quando ela procurava fazer o seu melhor. Tinha e tenho este pecado de trabalhar sem rede mais para os que mandam, do que para  os comandava, mas acontecia.

E, assim, me definia o 2ª Furriel Rebelo, naqueles anos da década de 80:

É um homem com um comportamento amargo-doce, agreste como o vento norte em determinadas alturas, ameno como a brisa da montanha em outras.Tem um conhecimento profundo a nível das relações humanas e astúcia no tratamento COM AS PRESSÕES DOS DIFERENTES QUADRANTES  E PENSAMENTO.

Apesar de toda  a sua jovialidade externa, acho-o um pouco triste,e essa tristeza e esse desespero talvez advenha da incompreensão por parte da pessoas que não o conhecem, ou não se esforçam por tal.

É  que não fácil conhecê-lo, pois está fora dos padrões tipo social frequentes, e as pessoas gostam pouco de pensar e na falta de um rotulo para tal conteúdo de ideias e atitudes deitam mão do mais simples que é o de excêntrico, ou porventura de louco”

Pois é Rebelo, direi imitando Cristo – Tu o dissestes. 

Mas alguns  só o pensam, e pela frente não o dizem, mas percebe-se pelo modo como agem,  o que pensam.. coisas... e nada mudou.... há coisas que nunca mudam, ter uma individuação,  num  contexto em que o padrão de comportamento   é quase totalmente de submissão a um protector qualquer é uma carga de trabalhos e adjectivação negativa do carago.

Há estalinistas que no campo politico me comparam a uns seres da América Latina, e outros me chamam desde há décadas de Comunista e  quase militante ou defensor do Partido Comunista, todavia a verdade é  que simplesmente sou um defensor da DEMOCRACIA, DA DIGNIDADE E DO DESENVOLVIMENTO e, nesta perspectiva em muitos actos estou com os  militantes do PCP e em muitos outros com outros partidos e governos, quando fazem o que deve ser feito. 

Como sempre critiquei o que,  no meu entender o PCP não faz de correcto, como é, na minha opinião, desde há décadas, a sua estratégia para as eleições presidenciais.

 Todavia quando nos ROUBAM O PAÍS ao LADO DE QUEM PODE ESTAR UM CIDADÃO QUE NÃO SEJA AO LADO DAS FORÇAS ARMADAS PARA EXIGIREM  QUE CUMPRAM O SEU DEVER E DO POVO QUE LUTA, PELA SOBERANIA NACIONAL E PARA QUE ESTA TORTURA E HORROR ACABEM.

Coisas... 
andrade da silva

                      

                          ( avaliações feitas pelos que comandei)

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