( Até Quando?!… )
Na semana passada, o
TenenteCoronel António Mota lançou-me publicamente um desafio de realizar um
texto que mostrasse como a conjuntura económica e social actual, está a afectar
a União Europeia e cada estado membro individualmente.
Confesso que considerei
aceitar o desafio, mas rapidamente
cheguei à conclusão que dada a complexidade da temática, aliada ao pouco tempo
que tenho disponível para pesquisar e escrever, seria um trabalho digno para se
juntar aos outros doze de Hércules.
Por outro lado, com a
velocidade exponencial com que a adversidade e a crise se espalham pelo
continente europeu, creio que até ao final do primeiro semestre do próximo ano
estaremos em condições de fazer uma compilação de textos, cujo resultado estará
à altura do desafio lançado.
Feita a introdução do
presente, por se encontrar na ordem do dia e já ter sido abordado
anteriormente, hoje vamo-nos debruçar, ainda que ao de leve sobre a crise na
vizinha Espanha.
Como é de conhecimento
público o executivo espanhol no passado fim-de-semana solicitou um resgate
financeiro, resgate esse que embora esteja a ser designado por empréstimo ao sector financeiro não deixa de
constituir o inicio de um resgate, como teremos oportunidade de verificar ao
longo do presente texto.
A economia espanhola
onde se prevê uma recessão até 2013, apresenta para já um taxa de desemprego
efectiva que atinge mais de um quarto da população activa, défice orçamental em
níveis preocupantes e uma grande parte do PIB anual hipotecado para pagamento
das dívidas contraídas pelas diversas regiões e províncias do país.
A banca espanhola, tal
como a portuguesa, apresenta elevados níveis de crédito mal parado, a maioria
fruto do rebentamento da bolha imobiliária e da incapacidade dos órgãos de
poder local – municípios e regiões – fazerem face ao serviço da dívida
assumida. Resta acrescentar que essa dita bolha foi a força motriz da economia
espanhola durante mais de duas décadas.
Os elevados níveis de crédito “mal
parado” associados às provisões que os bancos foram obrigados a constituir por
via das mesmas, afectaram de sobremaneira os seus rácios de solvabilidade
chegando ao ponto de algumas instituições financeiras espanholas não se
conseguirem financiar junto dos mercados financeiros pondo, a curto prazo, o
sistema financeiro espanhol em risco de colapso.
Há duas semanas atrás
afirmei, neste local, em jeito de previsão digna de um Velho do Restelo: “...Os
mercados traçarão as suas linhas de defesa do Euro em Espanha, cuja situação é
tão ou mais complicada que a nossa mas, cuja saída do Euro levaria não só ao
fim da moeda única como também à implosão da própria União Europeia e,
consequentemente, dos seus lucros...”. De facto, infelizmente, não me enganei
em nada.
Senão vejamos o
comportamento da UE, dos mercados que no sentido de preservar o Euro, ainda que
por uns meros meses: vão injectar 100 mil milhões de euros no sistema bancário
espanhol sem que, aparentemente, seja necessário assinar formalmente um
memorando de entendimento que contemple com uma série de medidas de
austeridade, de contenção orçamental e reformas estruturais. Aliás, como
aconteceu à Grécia, Irlanda e Portugal quando foram alvos de um “resgate”.
Os Espanhóis já foram
obrigados a adoptar uma série de medidas de austeridade, no entanto
desenganem-se aqueles que pensam que
nuestros hermanos irão ter a vida facilitada em relação aos outros
países intervencionados, pois a Alemanha, o BCE e os burocratas em Bruxelas na
passada Segunda-feira deixavam o seguinte
recado: “O resgate financeiro
destina-se à banca espanhola, mas o acordo alcançado no sábado pelo Eurogrupo
estabelece, também, a implementação das recomendações já feitas a Espanha pela
Comissão Europeia.
Ou seja, é um acordo
com condições para os bancos, mas que não esquece também outras exigências,
entre elas :o cumprimento das medidas já assumidas de combate ao défice
excessivo e de correcção de desequilíbrios orçamentais, no quadro do Semestre
Europeu. O progresso nessas áreas será
revisto atenta e regularmente, paralelamente à ajuda financeira”.
Os pontos centrais das
recomendações europeias estão no relatório sobre Espanha divulgado no dia 30 de
maio, onde, Bruxelas considera que em algumas áreas as políticas do executivo
espanhol carecem de ambição para responder aos desafios que a actual situação
levanta.
A Comissão Europeia
considera que é necessário uma maior consolidação fiscal e disciplina ao nível
regional, para recuperar a confiança dos mercados e travar o rápido aumento da
dívida pública.
Entre outros problemas,
a CE considera que, há fracos níveis de concorrência em sectores de serviços e
retalho, fracos ajustes no aumento salarial e fraca produtividade. A nível
laboral, vai mais longe, ao considerar que a reforma laboral aprovada «não foi
suficientemente ambiciosa», especialmente por não corrigir os aumentos
salariais indexados à inflação e não reduzir segmentação laboral.
Resumindo, Espanha pode
não ter um memorando de entendimento assinado, pode formalmente até não se
considerar sobre resgate, mas a verdade é que o espaço temporal que irá
decorrer entre este empréstimo à banca, e um futuro novo resgate seja
formalizado será mínimo, uns parcos meses e depois voltaremos à estaca zero...
As questões que se
levantam a nível europeu são: até quando é que esta farsa se manterá? Quantos
terão que sofrer, desesperar e morrer para que possamos encarar a realidade e
começar a resolver esta situação atroz?
A nível nacional, além
das questões levantadas no parágrafo anterior levanta-se uma outra: Até quando
vamos deixar que a Pátria, a Constituição e os Portugueses sejam ameaçados,
acossados e feridos de morte?
Abraço
Nuno Melo.
publicado na página do Facebook da Associação de Oficiais das Forças Armadas (AOFA)
Um abraço ao Meu camarada francisco Serra que nos passa A ACOMPANHAR NESTE ESPAÇO, Esperamos os teus poemas.
Um abraço ao Meu camarada francisco Serra que nos passa A ACOMPANHAR NESTE ESPAÇO, Esperamos os teus poemas.
3 comentários:
Caro companheiro João
Para ti e para Marília e para todos que nos vão deliciando com ótimos versos e prosas e vergastando os cucos predadores desta floresta de enganos vai o meu soneto possível,
FÁBULA DOS CUCOS
Nesta selva de cucos predadores
soçobra a passarada mais pequena,
eles vogam no céu como condores
pairando lá no alto em vida amena.
Alheios a esforço e a suores
que a outros sacrifica e empequena
e degradam os ninhos dos menores
arrotando fortuna e vida plena.
É o cantar dos cucos na floresta
livre-se deste bando quem puder
na selva dominada pelos cucos;
a luta é a esperança que nos resta,
sem luta... que aqui fique quem quiser
porque eu não fico aqui sem os trabucos.
Claro, amigos meus, que os meus poemas são os meus trabucos.
Que eles ajudem numa perspectiva de luta, porque... o que faz falta é animar a malta.
Com um grande abraço do
Matos Serra
Caro Companheiro Francisco
Por todos um abraço e obrigado. A coisa certa dita em poema tem mais força e ouve-se melhor. Depois passo para publicação.
um abraço para a tua mulher e nossas amigas e amigos de Alegrete e de todas as terras e partes do Alentejo.
Grande abraço
joão
um poema carregadinho de verdades e de vigilância, obrigada amigo, e continuemos com as nossas humanas denúncias contra a injustiça, o logro e os vampiros
Por favor ponha mais poemas, são sempre o espelho da verdade que tantas vezes nos fere.
Fico aguardando mais
sua amiga
Marília, porque quando os interesses são irmãos homens e mulheres são amigos
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