terça-feira, 25 de outubro de 2011

A QUESTÃO MILITAR NUNCA SERÁ UMA "QUARTELADA", MAS SIM UM GRAVE SINTOMA DE PROFUNDA DOENÇA DA DEMOCRACIA.






Nota: Quando de novo as Forças Armadas se agitam, este texto escrito em 11 de Novembro 2008, dá testemunho  de que a situação de dificuldades já vem de longe, e dela falei, repetidas vezes.


Qualquer instabilidade num dos principais pilares da credibilidade externa de um Estado que tem Forças Armadas constituídas, como é o caso de Portugal, é de uma gravidade extrema que não pode ser iludida, e tanto mais o é, quando estamos em democracia e na História Portuguesa a intervenção militar na resolução dos problemas nacionais ocupa um lugar de destaque.


A simples proposição de acções de militares para a resolução dos seus problemas ou dos nacionais em democracia é chocante, porque ou revela que as Forças Armadas seriam antidemocráticas, ou que as Instituições Democráticas estariam a violar o seu pacto constitutivo – A CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA – não vendo outros motivos de fundo, creio que a problemática é tão grave e séria que interpela o POVO, e, particularmente, o CHEFE SUPREMO das FORÇAS
ARMADAS, o SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA.


Todavia interessaria analisar sob uma óptica política, mas também sociológica o que se tem passado, e que poderemos numa primeira abordagem esquematizar do seguinte modo, apesar de todo o esforço que os sucessivos governos e muitos dos chefes militares têm feito para transformar a totalidade dos militares nuns meros executantes técnicos e acríticos das ordens de operações, o que, têm conseguido em larga escala, mas nunca o poderão obter de um modo total, como pretendem, porque isso é contra natura, como vou procurar demonstrar.


A Instituição Militar é Nacional, não é um corpo estranho à Nação, e não é uma guarda pretoriana, e, apesar, da competição nem sempre justa que um anacrónico e inválido regulamento de avaliação do mérito veio trazer para o seu seio, faz parte do seu ADN e da sua cultura Organizacional respeitar os valores finais que fazem parte do nosso ideário: a verdade, a lealdade, o comportamento honesto.

Estes valores finais são tão importantes para o País que o próprio salazarismo, em parte, permitiu e fez mesmo algum esforço para que, apesar das vicissitudes políticas, aqueles valores fossem resguardados na Instituição Militar, como reserva da Nação, para fazer face a qualquer crise que pudesse fazer perigar Portugal, como a Pátria independente e soberana dos Portugueses. Foi este caldo de cultura e valores que levou ao 25 de Abril, e já tinha levado  ao 5 de Outubro e o 28 de Maio.


Os estudiosos do novo regime nascido pós 25 de Novembro analisaram bem esta matéria, segundo o ângulo sociológico, quiçá psicológico, e julgaram que convertendo a Instituição Militar numa organização de técnicos pouco valorizados socialmente e distantes das questões da cidadania que os reduziriam a um corpo de funcionários que trabalhariam dentro dos quartéis, com umas saídas relativamente bem remuneradas ao estrangeiro, e que, assim, tudo estaria resolvido, isto é, fariam o que bem entendessem com os militares. Tudo poderia ter resultado de feição, mas este raciocínio tem falhas científicas, morais e do conhecimento concreto da realidade militar graves.


Ao nível sociológico esqueceram-se que a Instituição Militar é nacional, está dentro do corpo da nação como os peixes dentro dos mares, e que, ainda, a maioria dos militares do Exército e, provavelmente, da Marinha e da Força Aérea são oriundos dos grupos sociais que trabalham, sofrem e pagam a crise; esqueceram-se ainda que na reserva e na reforma encontram-se os militares do 25 de Abril que não podiam aceitar umas Forças Armadas acéfalas e não defensoras da Constituição, militares estes que têm laços de camaradagem com os militares do activo, o que, os influência, e finalmente só pode haver Forças Armadas, se houver um mínimo ético que as suporte, e, neste contexto, os níveis de corrupção e impunidade a que se chegou em Portugal e o regabofe na Administração do património público, não podem deixar nenhumas Forças Armadas indiferentes, sobretudo quando elas próprias são vitimas desse descalabro.


Em conclusão o descontentamento nas Forças Armadas não deve ser olhado só como uma questão de DESCONTENTAMENTO NOS QUARTÉIS, MAS COMO UM DOS MAIS GRAVES SINTOMAS DA DOENÇA GRAVE QUE ESTÁ A VITIMAR A DEMOCRACIA PORTUGUESA, OU SEJA, A CORRUPÇÃO E A IMPUNIDADE PARA OS PODEROSOS E UM ALTO E INSURPOTÁVEL SACRIFÍCIO PARA A MAIORIA DOS PORTUGUESES DE QUE FAZEM PARTE OS MILITARES HONESTOS E PATRIOTAS.


Certo na VITÓRIA DA DEMOCRACIA E DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA PORTUGUESA QUE, DE UM MODO UNIPESSOAL, O CHEFE SUPREMO DAS FORÇAS ARMADAS, O SR. PRESIDENTE DA REPÚBLICA, JUROU CUMPRIR, A TODOS OS LEAIS CAMARADAS E COMPANHEIROS SAÚDO, E JULGO QUE O POVO PORTUGUÊS PODE CONFIAR NO PATRIOTISMO E ESPÍRITO DE RESPEITO PELA CONSTITUIÇÃO DOS MILITARES PORTUGUESES, HONRADOS E LEAIS SERVIDORES DO INTERESSE PÚBLICO INTERNA E EXTERNAMENTE.



2 comentários:

Anónimo disse...

É no movimento das Forças Armadas que o povo Portugues continua a ter a sua esperança.Há que alagrar horizontes, descobrir a formula mégica, perceber que todos somos responsáveis pela democracia,que cabe a todos e a cada um estar apto a servir a democracia.Pelo voto ou pela comparencia nos lugares onde se determina que façamos da voz a nossa luta.Basta, está na hora de dizer não .

andrade da silva disse...

A questão das forças armadas em portugal tem uma centralidade ímpar. Mantenho a mesma linha de rumo desde 2008, independentemente da mudança do ciclo politico, sempre olhei a coisa militar em si mesma, na sua relação como pais e os países aliados ( não esquecer este pequeno pormenor) Falo disto assim desde 2008,logo não falo agora por força do circunstancialismo de quem quer que seja ter falado. defendi e defendo o que me parece a melhor posição para a defesa da democracia pelos militares, e creio que o farão sempre.
andrade da silva