quarta-feira, 24 de novembro de 2010

GREVE GERAL: VITÓRIA DAS CLASSES MÉDIAS E O ANALFABETISMO POLITICO DO GOVERNO


" Classe média e operariado em luta, e, no mesmo transe, a distinta sociedade burguesa capitalista, estatelada nos seus sofás de veludo e plumas bebe, em copos de cristal, o seu sangue"


O governo achou bem que o aparelho produtivo tivesse funcionado sem grandes perturbações em dia de grave geral, mas será que o governo quer ler que os operários são agora a sua base de apoio? Só mesmo uma cegueira terrível pode permitir essa leitura.


A greve geral foi massivamente da classe média: professores, médicos, juízes, enfermeiros, pessoal administrativo do estado, pilotos, maquinistas da CP e da classe média baixa motoristas etc., ora, tudo isto deveria preocupar muito o governo do PS, em exercício, no sentido de que está derrotado em eleições. Perdeu a sua base de apoio, que infelizmente emigrará para o PSD que é co-responsável, por toda a trágica situação que vivemos, e que, se agravará com a governação do Centrão, ou desta politica esgotada do rotativismo.


Mas embora o operariado não tenha marcado uma presença heróica e massiva nesta greve, o governo não pode entender a sua ausência como um apoio às suas politicas injustas, imorais e erradas, mas é preciso encontrar uma expressão politica e organizacional para que esta massa humana de descontentes em que muitos votam PCP e BE, mas um número significativo vota PS e mesmo PSD, pelo que não votando na esquerda parlamentar, ficam órfãos de um grande partido que represente os seus interesses. Nesta situação com uma já relativamente longa história, a emergência de uma nova força politica para a conquista de um poder mais justo e solidário é uma URGÊNCIA para o bom funcionamento da República.


A Greve Geral deve obrigar os que têm visões míticas sobre a luta grevista e os seus protagonistas heróicos, que o protagonismo está a deslocar-se dos grupos sociais historicamente mais heróicos, para outros de maior nível de conhecimentos e status social, cientifico e cultural bem diverso do operariado. No caso desta greve geral, quer dos indiferenciados, quer dos qualificados e diferenciáveis.


Mesmo sem uma massiva presença dos trabalhadores privados e dos operários nesta greve geral, só por um grave, muito grave autismo e analfabetismo politico, do GOVERNO DO PS pode levar a não entender que já perdeu a sua base de apoio e o país. Somente continua a governar por uma mera questão legal, sem legitimidade democrática genuína para o efeito, logo nestes tempos só pode governar mal, e não está à altura da actual e futura situação.


Lamentavelmente nem o actual Presidente da República e candidato e os demais candidatos, eventualmente à excepção do pré-candidato e meu querido amigo pelo pensamento José Pires, (a) foram além das afirmações vagas, quando o que está em causa é uma questão politica grave, ou seja, peças fundamentais para o desenvolvimento do país estão desmobilizados e em greve geral contra este governo, e os operários podem desta feita vir atrás, mas não ficarão em casa quando for necessário mandar a incompetência, as jogadas, a injustiça, o despotismo, o medo, a perseguição, a mentira e o cinismo de férias.


Mas os sindicatos que levantam e, bem, tão alto a bandeira dos operários dos pescadores, dos mineiros e outros não podem deixar de considerar a sua ausência nesta greve geral, iludir ou mistificar esta situação seria muito, muito, grave.


Será correcto antever que efeitos pode trazer à luta contra as injustiças governativas as privatizações da Carris, do Metro, da CP, dos Hospitais, da TAP e dos CTT, o que, o governo e os capitalistas tanto desejam, e sendo certo isto, também é certo que se todos esses sectores estivessem privatizados não havia um corte de vencimentos arbitrários entre 3.5% e 10%, como está a acontecer para os servidores do estado, com vencimentos superiores a 1500 euros mês.


Logo que se avalie a conjuntura, mas seria importante que todos: sindicatos, partidos, e cidadãos pensassem no que aí vem, e como em post de ontem disse, e, hoje, o presidente da conferência episcopal repetiu, talvez a indignação para ser ouvida tenha de ser muito mais insistente e os trabalhadores do sector privado, de um ou de outro modo, não podem ficar para trás, para que o trabalho não se torne, cada vez mais, um bem escasso. Facto que estaria, por certo, na base de graves convulsões sociais, pessoais e mesmo de um regressão civilizacional inaceitável, como se voltar a ver levas de desempregados reunidos na praça para serem escolhidos pelos poderosos através da dentição. Estes tempos que os jovens desconhecem estão perto dos seus avós . Seria bom que quem sabe não se cale.


Eu ladro deste pequeno quintal e o vento não leva o meu grito, mas podia ir mais longe não fossem os leitores tão pouco interessados em ouvir e propagar o que dói e é livre, e se vai concretizando, o que seria um factor importante, mas a que se dá pouca atenção.


As vendas e a venda da liberdade, em troca de segurança sempre alimentaram as mais ignóbeis ditaduras, e, assim é e será até à verdadeira Revolução da liberdade.


andrade da silva
PS: As capas dos jornais de amanhã dizem que PSD tem 44% de intenção de votos, à beira da maioria absoluta e o PS some-se por aí abaixo, tinha-o dito acima, mas que país somos?
Não me digam que o dedinho de Baco não anda por aqui, ou órfãos perdem o juízo de dor e escolhem qualquer padrasto como pai. Pobre país que triste é a tua sina!
É estranho mas o FMI diz hoje coisas que neste blogue vimos dizendo a causa da crise em Portugal é sobretudo Moral. É imoral que 36% da riqueza seja detida por 5% de população, o que vai piorar em 2011, com os cortes salariais. Fica registado a opinião que enfim depois outros a dizem e a realidade confirma e que é uma opinião LIVRE.
(a) A atitude do candidato à Presidência do PCP é de todos conhecida de incondicional apoio à greve geral, embora a comunicação social não o tenha referido, e, aqui, de modo algum quero cometer esse lapso, pelo contrário, louvo-me no apoio do candidato à Presidência do PCP pelo seu incondicional apoio á justa luta dos trabalhadores, sobretudo do sector empresarial do Estado e da administração Pública contra às más políticas do governo e também por se ter tornado no mais dos injustos e cruéis empregadores ao fazer os vencimentos regredirem muitos anos


1 comentário:

Marília Gonçalves disse...

O POETA DA REVOLUÇÃO JOSÉ CARLOS ARY DOS SANTOS

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SONETO DO TRABALHO

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Das prensas dos martelos das bigornas

das foices dos arados das charruas

das alfaias dos cascos das dornas

é que nasce a canção que anda nas ruas.

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Um povo não é livre em águas mornas

não se abre a liberdade com gazuas

á força do teu braço é que transformas

as fábricas e as terras que são tuas

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Abre os olhos e vê. Sê vigilante

a reacção não passará diante

do teu punho fechado contra o medo.

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Levanta-te meu povo. Não é tarde.

Agora é que o mar canta é que o sol arde

pois quando o povo acorda é sempre cedo.