quinta-feira, 26 de agosto de 2010

CONTRA-CONTRAREVOLUÇÃO ALERTA N+15 ( PRÉ-FINAIS)




A GOVERNANÇA PRECISA DE SER CONFIÁVEL E CREDÍVEL?
" É maior a atracção pelo "fantasticamente falso", do que pelo "fantasticamente verdadeiro", Charles Mackay."






A questão da confiança e da credibilidade são questões muito queridas a uma dada elite intelectual e moral, pouco representada nos jornais e muito menos nos Partidos. É uma elite cultural, ética e intelectual, independente que raciocinando em termos do bem dos países, defende que, sem confiança e credibilidade, os governos e as nações se afundam, o que, seria inquietante, segundo Fernando Gonçalves, professor universitário e cronista do Jornal I.

Todavia a realidade política de muitos países, particularmente da Europa do Sul, não confirmam esta visão. Pelo contrário, parece ser possível governar durante sucessivos anos e legislaturas, mesmo com uma confiança e credibilidade diminuídas aos olhos daquelas elites, o que, leva muitas vezes os governantes eleitos a dizerem que governam, porque receberam um mandato dos eleitores para ao efeito, e só perante eles respondem. Dizem-no, com a quase certeza de que os eleitores lhes vão dar sucessivas vezes o voto. Facto que parece contraditório, mas talvez o seja mais de um ponto vista ético e moral, do que político, e porquê?


Desde logo, porque os conceitos de confiança e de credibilidade que parecem ter um significado, ao nível do comum dos mortais, simples e acessível, já não o tem, ao nível político. Se fora da esfera política ser uma pessoa de confiança e credível é manter a sua palavra, ser verdadeiro, honrar os seus contratos e compromissos, ao nível da esfera política não é bem assim, primeiro porque os políticos conhecedores, como diz Charles Mackay ( citado por Mauren Dowd, jornal I, 25 de Agosto 2010) de que as pessoas estão mais receptivas a acolherem o " fantasticamente falso" do que o " fantasticamente verdadeiro" não hesitam em fazerem a devida utilização desta clivagem; também ao nível político estes conceitos deixam de ter um significado unívoco, para terem vários significados operacionais, conforme as pertenças partidárias das elites, isto é, estas, usando o "fantasticamente falso", procuram dizer que os seus líderes são credíveis e os outros não são fiáveis.


E na base da capacidade de governar com insuficiências na confiança e na credibilidade está a apatia da generalidade das pessoas que consideram estes assuntos áridos; que todos são da mesma substância; e que tudo isto são arrufos entre gente igual, que querem o mesmo e, por vezes, invejam os vencedores, os bem sucedidos, os espertos. Deste modo, mergulhados nesta ambiente de imoralidade, apatia, disfuncionalidade social e politica, o que conta para as opções politicas dos eleitores são, de facto, os cêntimos que os políticos, mesmo que seja ao nível do "fantasticamente falso", prometem a mais que outros.


Na política entra o "fantasticamente falso", sob a forma do optimismo, considerado imprescindível para fazer avançar os países. Visão que uma vez mais faz parte do "fantasticamente falso", e que, através da propaganda e do mentalismo, se insinua no espírito dos eleitores, e acaba por iludir e vencer.


Os exemplos desta táctica multiplicam-se e são sistemáticos, uma das técnicas mais usadas,entre nós, é de dramatizar a destruição do serviço nacional de saúde, os despedimentos arbitrários ou o retirar apoios sociais a uma população em que quase todos precisam do estado.

Mas também estão neste contexto as cerimónias públicas de desproporcionada visibilidade mediática a anunciarem grandes investimentos e uma quantidade significativa de empregos, acontecendo que estes raras vezes excedem os 50% dos postos de trabalho prometidos, como é o caso dos investimentos de milhões da PT, em Santo Tirso, etc.


Todavia o que seria necessário eram lideres que nos surpreendessem, como o refere Thomas Fridman, evocando o exemplo de Mandela na sua luta de pacificação das tensões entre negros e brancos na África do sul, ou Yitzack Rabin a assinar o acordo de Paz entre Israel e a Palestina, em Oslo. Valeu-lhe a morte, mas fez o melhor para o seu país e, é neste sentido que as lideranças do Futuro: na Presidência da República, Governo e autarquias deveriam acontecer - mulheres e homens que se ELEVASSEM ACIMA DOS SEUS ANTECEDENTES, DA SUA BASE ELEITORAL, DAS SONDAGENS E DAS CIRCUNSTÂNCIAS E FIZESSEM O QUE CONVÉM AOS PAÍSES", assim, haveria Futuro. De outro modo, arrastar-nos-emos pelas ruas do subdesenvolvimento e do "fantasticamente falso". INQUIETANTE!


Quanto me dói já a voz, de tanto dizer que estamos entre o Futuro e uma continuidade triste, desolada e pobre, e de ver a forte atracção que a segurança de ficar, como âncora, nos agarra às sombras, ao "fantasticamente falso"!

No deserto, tudo isto se torna em silêncio.



Coisas!?...



andrade da silva

PS:Ester bem vinda e que te sintas sempre muito bem.

2 comentários:

ester cid pita disse...

Liberdade e cidadania transpiram deste maravilhoso texto.
sabes do que falas, Capitão de abril! Neste texto á muita sabedoria, mas tambêm muita sensibilidade e preocupação pela gerações vindoras!
gosto de vir aqui! Obrigado João. beijinho

andrade da silva disse...

Nós e eu é que te agradecemos. Vem sempre.
Bjnho
joão