terça-feira, 31 de março de 2009

ÍNDIA 18 DE DEZEMBRO DE 1961:O DESRESPEITO PERENE E FASCISTA PELA VIRTUDE MILITAR.


Cara Marilia, Carlos Domingos, Amigas e Amigos

Um grande cidadão e advogado, o Dr. Xencora Camotim que com o Dr. Goucha Soares, me defenderam graciosamente das garras da justiça fascista, regressada com o 25 de Novembro 75 ( em 1977 fui condenado a 2 anos de prisão estando inocente, como o próprio juiz presidente do 3º tribunal Militar me disse e aos meus advogados, pelo juiz Gonçalves Pereira ) fez-me chegar às mãos um livro sobre a condenação do comandante de uma barcaça a "Sirius" que Salazar queria que fizesse frente à poderosa marinha da União Indiana.

Salazar condenou o comandante Marques da Silva, o 25 de Abril reconheceu o mérito do seu acto, mas a Marinha Portuguesa nunca lhe fez justiça.

Todavia aquele comandante cumpriu o seu dever, afundando a barcaça, por sinal avariada, e não se deixando fazer prisioneiro, mas segundo os cânones fascistas deviam ter-se exposto a essa expiação. São assim os fascistas e o seus discípulos, desconhecem o dever de consciência, ponto.

Mas outros vieram e nunca olharam estes homens corajosos, como Vassalo da Silva, com a dignidade e honra que lhes é devida, porquê?

Será que este continuado e cobarde salazarismo, não está naquela incapacidade deste regime nascido em 25 de Abril e que foi matado em 25 Novembro de 1975, em julgar o fascismo salazarista, como o General Fabião ( um grande e bondoso cidadão, um grande amigo do povo Alentejano, sei-o muito bem, porque o ouvi em discurso directo, que foi cobardemente traído e humilhado por muitos, vergonhosamente, por muitos e até por partidos) dizia naquelas gloriosas, mas inconsequentes Assembleias do Movimento das Forças Armadas (MFA )- os doutos ladrões de sempre chamam-nas de assembleia de loucos -?

Eles, os tenebrosos donos deste país e dos seus escravos, agem sempre do mesmo modo.


Salazar ainda não morreu. Porque nunca o julgaram está entre nós, como alma penada que, agora, a Acção Nacional Popular recauchutada quer recuperar, com a sua magna assembleia de há alguns dia atrás, tão copiosamente publicitada no Expresso.


andrade da silva 31 Março 09

PS:
“N.R.P. SIRIUS, ÍNDIA 18 de Dezembro 1961”, editora Prefácio. A minha gratidão a esta editora. Leiam a obra é uma forma de protesto.

2 comentários:

Marília Gonçalves disse...

Companheiro e a todos os que nos lêem

que o fascismo e o salazarismo não tenham sido devidamente julgados logo após o 25 de Abril e antes do 25 de Novembro ficará para sempre entre as coisas que além de não compreender me têm afligido e doído ao longo dos anos.
Familiar de tantos Resistentes,presos, torturados e mesmo no caso do Alex assassinado pela sinistra PIDE, sempre pensei que para os familiares dos RESISTENTES ANTIFASCISTAS, que nos haviam deixado já, e acima de tudo por todos os que viveram o horror das mãos fascistas,seria um justo reconhecimento público, pelo que deles de melhor deram a Portugal, pelo povo português e pela conquista da Liberdade!
Outros povos passando por circunstâncias semelhantes fizeram-no. Não se trata nem sequer simplesmente duma questão de justiça, mas de Brio face à realidade e aos que deram a sua vida a força de suas juventudes, a saúde,sem desfalecer, para defender um caminho que conduzisse Portugal à Democracia e onde a República fosse cumprida.
As dores reconhecidas tornam-se mais suportáveis, porque passam a ter um nome e regras que as definem e tornam perceptíveis por cada um. Páginas de História que ninguém tem o direito de silenciar.
Amar Portugal é apontar o nome dos criminosos e dizer porque o foram. A partir daí, em qualquer ponto do Mundo poderia dizer-se em vez de Portugal era um pais fascista, Portugal foi um País mártir do fascismo! Condenar o regime fascista e o salazarismo/caetanismo é limpar Portugal do peso dos crimes que bandidos cometeram em seu nome e é um grande passo para a clarificação da História, o que um dia acabará por acontecer, com um olhar severo sobre todos os que durante mais de trinta anos calaram e pior deturparam a verdade!
Uma verdade a que a Juventude de Portugal tem o mais amplo direito
Abraço a todas as gentes de Abril!

Marília Gonçalves

andrade da silva disse...

Cara Marilia

Há sempre alguém que resiste. Há sempre alguém que não se cala. Há sempre alguém que não se rende.

Também aqui me tem como um capitão de Abril que chama os bois pelos nomes, e lamenta e luta contra a não condenação do fascismo, mas pessoalmente entendo porquê, e se tivesse dúvidas a luz de breu do 25 De Novembro 75, é terrificamente esclarecedora, e quem não quiser entender que o 25 de Novembro e tudo o que imediatamente lhe sucedeu até ao dia de hoje não é 25 de Abril, e não julgar moral e politicamente os seus protogonistas,corre o risco de nunca compreender a história das traições.
abraço
asilva