segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

de
Il est doux, il est beau de mourir pour la patrie
Horace

























Pátria


Por um país de pedra e vento duro
Por um país de luz perfeita e clara
Pelo negro da terra e pelo branco do muro
Pelos rostos de silêncio e de paciência
Que a miséria longamente desenhou
Rente aos ossos com toda a exatidão
Dum longo relatório irrecusável


E pelos rostos iguais ao sol e ao vento


E pela limpidez das tão amadas
Palavras sempre ditas com paixão
Pela cor e pelo peso das palavras
Pelo concreto silêncio limpo das palavras
Donde se erguem as coisas nomeadas
Pela nudez das palavras deslumbradas


— Pedra rio vento casa
Pranto dia canto alento
Espaço raiz e água
Ó minha pátria e meu centro


Eu minha vida daria
E vivo neste tormento



Sophia de Mello Breyner Andresen

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