quinta-feira, 7 de agosto de 2008

MENTIRA XENÓFOBA MILENÁRIA


Diz-se, e teima-se em dizer, que os portugueses nunca forma racistas, que a nossa colonização no Brasil foi mais suave que a dos espanhóis, conquanto o Padre António Vieira visse grandes crimes nesse processo, mas os historiadores de serviço e os colonialistas sempre acharam que nós éramos diferentes, o que, obviamente não contesto, tudo é diferente de tudo, só digo que entre dois infernos venha uma alma penada, ou um maldito e que escolha o melhor.

Penso que só almas penadas ou a caminho de o serem, podem defender a bondade de um inferno, em detrimento de outro. Para mim inferno é inferno, ponto. Como vida de escravo é vida de escravo, ponto. Como vida de rei, lorde, explorador do suor alheio, é uma vida de acordo com esse status social de poder, dominância e opressão, ponto.

Apesar de todas as balelas e tretas sempre que se faz um estudo com alguma cientificidade, os dados dizem outra coisa. Diz o Expresso numa das suas últimas edições que os portugueses têm como mal-amados os africanos, os árabes e os ciganos, também não amarão lá muito os brasileiros.

Parece que todo o mundo já esqueceu o caso das mulheres de Bragança gordas, sem apetite sexual, sem libido, contra as brasileiras, porque o padre lá da aldeia, ordenado pelo cardeal Cerejeira, sempre explicou que esta coisa do sexo é muito séria, e que Deus lá disse, (e consente), que sexo é só para a procriação, com o homem em dada posição e a mulher numa outra pré-definida. Uma grande chatice.

Ora as lindas brasileiras por 50 € revolucionaram toda esta trampa, só que a sua revolução era também de trampa, baseava-se no tráfego de mulheres. Todavia só descoberto, após o protesto das matronas sem sexo e só com gordura nas mamas e sobretudo nos neurónios. Esta gordura, sim, pecaminosa, porque imposta por um padre que mente invocando um DEUS bondoso.

Muitos continuam a dizer que não somos racistas, porque quando andamos pelas africas tivemos amplas relações sexuais com as africanas, outros não o fizeram, por exemplo, os soldados de suas majestades da Inglaterra. Mas será que um soldado inglês numa cubata sem condições nenhumas e pagando pelos serviços vigarices, como comprimidos para desinfectar a água etc. teria tido relações mesmo com a mais diáfana caucasiana?
Ou que os portugueses sempre trataram muito bem os criados negros?

Mas os que mais importava, era sabermos outras coisas, como:
Em 400 anos de presença em África quantos milhares ou milhões de pessoas libertamos da idade média, da fome, da escravatura e da ignorância?

Ou ainda o que fizemos com as crianças negras que na década de 80 vagueavam em bandos pela ruas de Lisboa à procura de comer e vida nos caixotes do lixo?

Ninguém as viu? Eu vi, e disse que isso iria acabar mal, como me parece que acabou, e vai continuar a acabar. Mas também ninguém me ouviu, e porque havia de ouvir a voz de um plebeu não alinhado?

Penso que muitas daquelas crianças, hoje, com 20 e poucos anos, as que estão vivas, bastantes, naturalmente, morreram, ou algumas mesmo foram esfaqueada por outros negros –“coisas de pretos entre pretos, eles que se amanhem” (ninguém ouviu isto, claro. Eu, para que conste, oiço muitas vezes) - agora, devem ter mudado de estilo de vida, poderão ter enveredado pelos assaltos às gasolineiras, pela droga e estarão nas nossas prisões.

Mas o que dizem sobre isto os bons portugueses?

Por exemplo Miguel de Sousa Tavares diz nas suas crónicas no Expresso que os emigrantes devem cumprir as leis da nossa sociedade, com o que concordo, contudo muitos dos africanos de que falo já não são emigrantes, são portugueses, a quem tem de se exigir o cumprimento dos deveres cívicos, mas a Constituição de República não garante a estes cidadãos, descendentes de africanos, os mesmos direitos que aos portugueses?

Claro que sim. Então, se não há xenofobia, como se explica que um número enorme de africanos e muitos outros emigrantes trabalhem ilegalmente, com salários diferenciados dos portugueses e nos sectores da economia de mais baixos salários, como o da construção e das obras (o que também não se compreende face à especulação que há neste sector, ou melhor compreende-se, porque as águas correm sempre para o mesmo sitio, o pântano oceânico da corrupção, da desumanidade, em que Portugal seguindo a moda medieval do Mundo e da GRANDE CHINA se tornou?

Embora nada se vá alterar, ficam estas palavras, estes gritos incompetentes, e sobretudo impotentes contra estas mentiras xenófobas milenárias.
O tratar mal a carne para canhão não é uma questão de cor ou nacionalidade, é sim A MARCA DE ÁGUA DESTE MISERÁVEL E PODRE SISTEMA EM QUE VIVEMOS QUE PARA QUE UNS POUCOS VIVAM PRINCIPESCAMENTE, MILHÕES DE DESGRAÇADOS TÊM DE VIVER NA MAIS MISERÁVEL MISÉRIA.

Esta é uma verdade tão elementar que parecia não carecer de demonstração – esta tem a ver com a finitude dos recursos – nem de referência, está aí aos olhos de todos, com as tais assimetrias que a douta DRA. ISABEL LEAL vislumbra. Todavia, parece, assim não ser, porque até aquela insigne doutora fica-se na revista Caras pela doce constatação que sempre foi assim.

Digo mais, foi assim, e assim será, e porque não haveria de ser assim, quando professores de psicologia, como é o caso desta psicóloga, fez selecções contra os direitos protegidos das pessoas, pelo menos pela deontologia dos psicólogos, como foi o caso do programa de TV Big-Brother ?

Com boa disposição e saúde

Do reino de D. Alberto João, aos 7de Agosto de 08

andrade da silva

2 comentários:

Anónimo disse...

É velha a presunção da bondade portuguesa por oposição às posturas do outros. E como sabemos que este discurso cai como sopa no mel em muitas e muitas pessoas! Daí ser mais doloroso o desencanto quando os factos demonstram que tal discurso é falso.
Também no campo da valentia nos foi vendido o mesmo discurso.As nossas vitórias eram sempre fantásticas! E as nossas derrotas? Não houve, apenas desastres...
Colocando-nos, assim, no topo, esquecemo-nos de que os demais vivem, cantam e choram como nós.
Até os emigrantes que hoje temos são mal-olhados por nós povo de emigração militante, há séculos!
E neste apagada e vil tristeza de que já Camões falava, cá vamos, cantando e rindo (salvo seja!)...
Abraços.
José-Augusto

Domingos Neto disse...

Uma vez conheci uma pessoa que tinha, rapaz novo, ido trabalhar para a empresa de um tio, em Moçâmedes, no Sul de Angola.
Qual não foi o espanto dessa pessoa quando, um dia, passeando pela praia, encontrou uns negros que tinham trabalhado para a mesma empresa, enterrados na areia, junto da borda de água, só com a cabeça de fora, prestes a ser lambida pelas ondas.
Tinham sido lá enterrados na maré vazia, à espera que a subida das águas os afogasse.
Este exemplo de brandos costumes passou-se no século XX, antes do início da Guerra Colonial, em território português!
Agora temos de facto um problema grave nas áreas suburbanas, à volta das grandes cidades.
É um problema que tem de se resolver com humanidade e ao mesmo tempo com muita firmeza.
Penso que seria de inventariar as actividades económicas nesses bairros e obrigar os seus agentes a inscrever-se nas finanças e na segurança social.
Retirar rendimentos mínimos a quem permitisse que os filhos não fossem à escola, ou não se tratasse de um eventual alcoolismo ou dependência de droga, ou tivesse actividades ilícitas ou rendimentos de proveniência não esclarecida.
Substituir muitos desses subsídios como o Rendimento Social Mínimo, por micro-crédito a micro-empresas, ou a pessoas individuais que precisassem de algum (pouco) dinheiro para iniciarem ou aumentarem uma actividade produtiva, coisa que teve resultados comprovados na Índia e no Bangla Desh, por exemplo.
Já existem em Portugal Assistentes Sociais que conhecem muito bem todos estes casos, e que são capazes de acompanhar uma pessoa destes em todos estes processos.
Não sei se isto resolve o problema. Sei que com sentimentos de culpa, sobranceria, política de avestruz, e sem sair dos nossos gabinetes é que não vamos a lado nenhum.