sexta-feira, 18 de julho de 2008

01 - LIBERDADE E CIDADANIA --- Peço a palavra - 2

Agora, neste nosso país, é vulgar ouvirmos/lermos, no linguajar dos "políticos" e afins, que A ou B estudou/não estudou os dossiers ou fez/não fez os trabalhos de casa.
Não estaremos a relevar gratuitamente estas expressões, exactamente porque delas decorrem apreciações objectivas sobre a preparação/impreparação de alguém no desempenho duma actividade pública, logo com reflexos na sociedade política. E a política é a nossa realidade social enquanto povo-país.
É inadiável a assunção colectiva da política como uma realidade que é nossa, de todos nós, sem excepção. Vivemos um destino colectivo e, dele, para o bem e para o mal, somos colectivamente responsáveis. Expressões de triste memória como «a política é para os políticos», «eu não sou político», «a minha política é o trabalho» e tantas, tantas outras, configuram demissionismo da cidadania e atentado a esta mesma cidadania.
Apeado que foi o auto-proclamado Estado Novo, readquirimos o direito da escolha do governo da cidade através do voto em liberdade. E o voto de cada um de nós irá determinar a escolha colectiva.
Como sabemos, a soberania de um povo-país é sustentada pela participação de todos e de cada um dos cidadãos na apreciação de todas as questões que lhe são inerentes. É um trabalho colectivo e permanente.
Não nos pode ser indiferente, porque residimos em Lisboa, um problema que aflige quem habita em Leiria. Se assim sucedesse, estaríamos contribuindo para a instauração da iniquidade colectiva. É unidos e não desavindos que os cidadãos conseguem a cidadania.
E o governo da cidade terá sempre o dever indeclinável de cumprir-se na cidadania, porque não é mais do que a escolha dos cidadãos.
E, aqui chegados, regressamos ao início deste texto: como é possível ouvirmos/lermos que um qualquer dos escolhidos «não estudou os dossiers» ou «não fez o trabalho de casa»? Que se faz para averiguar a veracidade ou a falsidade de quem produz tais afirmações? Que situação configura este clima de animosidade no seio dos que foram escolhidos para o exercício da cidadania maior que será orientar o destino colectivo do povo-país?

José-Augusto de Carvalho
Viana do Alentejo, 18.7.2008

1 comentário:

Jerónimo Sardinha disse...

Caríssimo José-Augusto,
Antes de mais, os que você chama de escolhidos, não o são, nem o foram. Senão, diga-me qual era o nome que constava em 6º. lugar da lista de partido em que votou ? E sabendo qual o nome, garante que ele tomou posse ? E tendo tomado posse, ainda se encontra em funções, na Casa da Cidadania, na Casa da Democracia ? E ainda se lá encontrando, quantas declarações políticas fez, esta legislatura, que se coadunem com a promessa eleitoral, não dele, mas do partido que o convenceu a si a votar nele ?
Está a ver o quão difícil é um cidadão exercer o seu direito de fiscalização da democracia, num sistema como o que foi inventado pelos "chicos espertos", logo no início desta coisa a que temos direito e que não passa de um arremedo de democracia ? Logo, encontra-se comprometida, por falência de base, a cidadania e por arrasto, a liberdade não passa de uma coisa tolerada até que...
Não nos equivoquemos. Aquelas "coisas" vaidosas, petulantes, vestidas de alpaca e seda, que se passeiam nos Passos Perdidos, não têm nada a ver com representantes da nação ou do povo. Salvo muito poucas e honrosas excepções, representam-se a si mesmos, aos seus interesses, aos interesses dos grupos a que estão ligados e às circunstâncias de ocasião, que lhe sejam enfiadas na frente, com ordem superior de ser tratadas desta ou daquela maneira. Asseguram assim, há conta do herário da cidade, uma bela recompensa mensal e garantem uma reforma de elite, com presença no chamado local de trabalho, quando lá vão, 5 (cinco) vezes mais curta que o imposto para os restantes cidadãos que os sustentam. Bem, sustentar se calhar é demais. A partir da primeira ou da segunda sessões, já não carecem do vencimento para sobreviver. Surgiram outras "fadas madrinhas" que asseguram esses custos. Como vêm de áreas absolutamente alheias a estes mistéres e ninguém lhes explica, nem pode, não se tira um curso daquilo em 30 dias, como se deve e o que se deve fazer, não podem fazer trabalho de casa e muito menos estudar uma matéria da qual não pescam pêvas. Proponho-lhe pois, com amizade, serenidade e algum equilibrio, que os aceitemos como nos servem, ou que lhes demos um belo chuto no trazeiro e emendemos a "mão política", fortemente artrósica que os inventou. Mas nunca por nunca, deitemos culpas a outros, que não a nós e ao tipo de povo que somos. Um grande abraço, com amizade e admiração.
Jerónimo Sardinha.